Estou na segunda leitura desse livro e o “nocaute” que ele provoca em nossa dita civilidade, se faz de novo.
Leitora voraz desde sempre, posso e devo colocar “A Fome” como um dos mais importantes livros que já li.
Pelas mãos firmes de Martín Caparrós, por seus caminhos, através de suas pulsantes retinas, me situei em um território desconhecido e sempre evitado.
Pasmei, chorei, pensei em carregar o fardo que me cabe, fiquei mais lúcida e responsável com o impossível de minhas parcas possibilidades.
Estou de novo com Caparrós.
Convido você a conhecê-lo, a segui-lo.
Uma viagem necessária.
Se você se der ao trabalho de ler este livro, se você se entusiasmar e lê-lo em – digamos – oito horas, nesse lapso terão morrido de fome umas oito mil pessoas… oito mil pessoas são muitas pessoas. Se você não se der esse trabalho, essas pessoas também terão morrido, mas você terá a sorte de não ficar sabendo. Ou talvez você, provavelmente, prefira não ler este livro. Talvez eu fizesse a mesma coisa. Em geral, é melhor não saber quem são, nem como nem por quê. (Mas se você leu este pequeno parágrafo em meio minuto, saiba que nesse tempo só morreram de forma cerca de oito ou dez pessoas no mundo – e respire aliviado.)Martín Caparrós
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