Nosso mundo tão feito de suas aparentes normalidades não se apercebe da opaca presença dos seres “farol”.
São eles aqueles que tem a luz no topo; como os faróis, na solidão dos oceanos, iluminam todo ao seu redor, mas não a si mesmos.
Os seres farol se mantem na mais aterradora escuridão. Tem, ao alto, a luz mas não se beneficiam dela.
Perdidos dentro de si mesmos nos olham, quase constrangidos a nos considerar sãos, detentores do salvo conduto da tal normalidade.
São muitos, felizmente, os que lutam para trazer entendimento no trato e convívio desses que rotulamos simplesmente como loucos. Loucos… a esperarem a mão singela que, com eles, se disponha a visitar as cavernas, as florestas da mente deles e de todos nós.
Diagnósticos narram e identificam o isolamento da mente em surto, desconectada daquilo que chamamos de realidade.
Realidade? Qual?
Medo e pretensão, às vezes uma certa alienação nos mantém apartados desses seres “farol”, embora vezes sem conta nos banhemos de sua luz.
Mas seguem longe, em um planeta distante dos tais “normais” e a paisagem que descortinam é a turbulenta tempestade, estão completamente sozinhos, sem socorro possível, porque são invisíveis.
Minha lembrança e carinho à mestra Nise da Silveira, que sabiamente iluminou tantas cavernas.
Texto e ilustração de Regina Amorim
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