Eu gostava quando na escola ia ter cinema. Eram estendidas fazendas pretas nas janelas para impedir a entrada da luz do dia… do dia, daquele dia…
Eu ficava animada e feliz! Dia de cinema na escola!
Confortável eu ficava a me preparar para ver o filme.
Lá fora, o dia, aquele dia impedido de entrar por causa dos tecidos escuros nas janelas, existia… existia de fato em todas as suas certezas e garantias: juventude, esperança, o namorado muito amado, seu abraço mais tarde, logo mais. Tudo naquele dia…
Se eu soubesse que ele, o dia, um dia acabaria, que não mais existiria a esperança e a certeza e tudo… eu teria corrido para fora antes que o filme começasse, antes que colocassem as fazendas pretas nas janelas e eu perdesse aquele dia para sempre, e eu perdesse todos os dias para sempre.
Texto e ilustração de Regina Amorim
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